TEATRO
AUDITÓRIO 5€/3€ (CARTÃO AMIGO, CARTÃO SÉNIOR e CARTÃO JOVEM)
TEATRO |75 MIN | M/12
Ou o dia em que Tony de Matos e Lupicínio Rodrigues se encontraram.
Tony de Matos podia ser uma pequena estrela vagueando pela constelação da posteridade, mas preferiu abrir uma barbearia para receber as grandes estrelas. Um dia, Lupicínio Rodrigues entra pela loja. Tony de Matos reconhece-o e confessa-se seu fã. É o ensejo que não foi possível em vida, apesar de terem frequentado as mesmas salas de espectáculo do Brasil entre 1954 e 1965. Durante um singelo corte de cabelo e um escanhoamento, Tony e Lupicinio poem as afinidades em dia e discutem o mecanismo e a função das dolorosas canções de amor, tema em que se especializaram, principalmente Lupi, a quem se atribui a expressão “dor de cotovelo” e uma breve teorização sobre a sua natureza, ao dividi-la em dor municipal (que se esquece facilmente), dor estadual (que demora meio ano a passar) e dor federal (que fica para sempre e é incurável).
O que é a canção senão um unguento nessa dor eterna? Talvez um efémero tijolo civilizacional que constrói o fair-play moderno e que ensina a arte de sublimar a rejeição.
O leque de artistas que cantou Lupicinio vai de João Gilberto a Elis Regina, de Gal Costa a Adriana Calcanhoto. Tony de Matos foi o ultimo cantor romântico português. Este encontro na posteridade (a verdadeira sociedade sem classes) serve também como improvável reflexão destas figuras sobre alta e baixa cultura, coadjuvadas por uma personagem mítica, Medusa, e por um ajudante de barbeiro especial: Bill Evans.
Carlos Tê texto e direção musical, Luísa Pinto encenação, cenografia e figurinos, Pedro Almendra (nomeado para melhor ator – Prémios SPA), Allex Miranda, Filipa Guedes interpretação, Eduardo Silva (baixista dos Pluto) interpretação musical, Bruno Santos desenho de luz, Ricardo Regalado assistente encenação, José Lopes execução adereços, Narrativensaio-AC produção, Cláudia Pinto assistente produção
[espetáculo promovido pelo Cine-Teatro de Estarreja]