A HISTÓRIA DO CINE-TEATRO

Com o início da década de 40 e a instalação da primeira fábrica, actualmente conhecida como Parque Químico de Estarreja, assiste-se, na então Vila, a uma profunda transformação, até aí dependente da actividade comercial e agrícola.

Existia nessa altura uma sala de Cine Teatro, instalada num barracão, onde hoje funciona a Casa Ezequiel. Apesar de possuir algumas condições para a projecção de filmes, lentamente foi perdendo a sua importância, até que, em 1949, o seu proprietário pôs à venda todo o recheio da casa. Entretanto, em 1947, começara a construção dum moderno e grandioso Cine-Teatro, promovido pela Empresa Cinematográfica Aveirense que, pela sua capacidade e condições para a apresentação de Teatro e Revista, bem como projecção de filmes, só era suplantado pelas Salas existentes na Cidade de Aveiro. Foi tal o impacto desta obra que a Câmara Municipal chegou a tentar o alargamento da Rua Visconde de Valdemouro para 14 metros, o que não logrou concretizar.

Em 12 de Março de 1950 dá-se a inauguração do edifício com a projecção do filme" As Aventuras do Príncipe Charlie”. Em Estarreja havia já uma forte tradição e gosto pelo Teatro. Por isso, não admira que o Grupo Cénico do Centro Recreativo de Estarreja tenha aproveitado a construção do Cine Teatro para preparar a apresentação de uma Revista de Costumes Regionais, intitulada “Nada de Confusões" que teve a sua estreia no dia 1 de Abril desse mesmo ano. O êxito foi estrondoso o que obrigou a várias récitas sempre com lotação esgotada.

Prof. Egas Moniz numa das frisas do Cine-Teatro, numa homenagem que lhe foi prestada, na Páscoa de 1950.

Alguns dos lindos cenários feitos para essa Revista duraram até ao encerramento da casa já nos anos 90. As condições que o Cine Teatro oferecia bem como um público interessado, fizeram com que nesse primeiro ano viessem até cá a Companhia de Teatro Variedades de Lisboa (com Vasco Santana e Maria Matos) e, ainda, a Companhia de Teatro do Sá da Bandeira (Porto).

Durante muitos anos o Cine-Teatro de Estarreja foi palco de grandes espectáculos de Teatro e Revista bem como de exibições cinematográficas. A profunda transformação do modo de vida da sociedade, ocorrida a partir da década de 70 e a reformulação do conceito inerente às salas de espectáculo foram, lentamente, afastando a população deste edifício.

Neste novo ciclo de vida do histórico Cine Teatro, agora mais atraente e confortável, espera-se que o público Estarrejense recupere os antigos hábitos e volte a frequentá-lo nas várias propostas que lhe serão colocadas.

Junho de 2005
António Augusto Silva