CONCERTOS ÍNTIMOS DO CTE | 1.ª PLATEIA 15€ | 2.ª PLATEIA 12€ | BALCÃO 10€
PASSE DUPLO CI | 1.ª PLATEIA 24€ | 2.ª PLATEIA 20€ | BALCÃO 18€
PASSE GERAL CI | 1.ª PLATEIA 35€ | 2.ª PLATEIA 28€ | BALCÃO 24€
Voz: Cristina Branco
Piano e Acordeão: Ricardo Dias
Guitarra Portuguesa: Bernardo Couto
Viola: Carlos Manuel Proença
Contrabaixo: Bernardo Moreira
Cristina Branco está prestes a abrir uma espécie de Caixa de Pandora musical, de onde sairão palavras de Manuela de Freitas, António Lobo Antunes, Vasco Graça Moura, Júlio Pomar, Carlos Tê, ou Miguel Farias, vestidas por sons saídos da inventiva de Mário Laginha, João Paulo Esteves da Silva, Pedro Moreira, Carlos Bica… e também a música de Jacques Brel, Carlos Gardel e Isolina Carrillo, - unificadas pela voz simultaneamente suave e profunda da cantora…
Novas sonoridades mas com o Fado sempre presente.
"Quando uma recordação nos assalta muitas vezes temos que lhe procurar o “enredo”. Não há só Tangos em Paris, pode ser um disco de memórias ou de viagens ou flashes.
Tenho um velho gira-discos, long plays do Gardel, tenho Buenos Aires e tenho Paris e Lisboa no coração, tenho Amália numa velha fotografia de 1945 no Rio de Janeiro, tenho o Fado e o Tango, tenho a imensa tristeza no “convite à viagem” (Baudelaire dizia que sofria do horror do domicílio). Tenho a guitarra, o piano, o contrabaixo…o bandoneon.
Entrelaçam-se dedos na música como pernas que dançam pela noite dentro. Dizem alguns que o Fado já foi bailado. O Fado é como o Tango, ritmos de gente doída e pobre, mas de alma grande!
A flor vermelha no cabelo cor de azeviche de Amália não me sai do pensamento… a Milonga ou um Bolero, ou ainda o Tango dos crioulos. O recorte do bandoneon daquela menina sentada no passeio em La Boca e os olhos dela grandes e verdes, um sorriso de Gioconda púbere, ou as memórias de Paris, dos emigrantes desvalidos, furtivos, envolvidos num sensual mistério. Isto dava um fado, ou um Tango, ou um Fado Tango?
Pode ser a viagem num daqueles gigantescos transatlânticos pejados de gente de todas as classes e feitios, pode ser o velho bote atracado no ancoradouro de um lado ou doutro do Atlântico.
Pode ir-se mais longe e imaginar que “Não há só Tangos em Paris” é a própria viagem Buenos Aires/Lisboa/Paris. Tudo pode acontecer neste percurso entre a miséria e a luxúria. Há desespero, um rol de desgraças, histórias de amantes, e há sobretudo Saudade, a palavra indizível mas de sentimento tão amplo e nobre. Tenho p’ra mim que sou eu inteira!
Mais uma vez várias línguas atravessam a música, de vários autores maiores, tão grandes! Por todos tenho enorme respeito, admiração e gratidão inomináveis.
Num universo de velhos guardiões, surgem com génio, poemas de Manuela de Freitas, Vasco Graça Moura, António Lobo Antunes, Júlio Pomar, Carlos Tê, Miguel Farias, e a música que se escuta é em fundo, a do Mário Laginha e do João Paulo Esteves da Silva…"
Cristina Branco
Cristina Branco - "Não há só Tangos em Paris" a 28 de Fevereiro
«Não há Só Tangos em Paris» é o título do novo álbum de Cristina Branco. O disco é editado a 28 de Fevereiro. António Lobo Antunes, Mário Laginha, João Paulo Esteves da Silva constituem alguns dos autores presentes no disco. Pedro da Silva Martins (Deolinda) compôs o tema-título «Não há só Tangos em Paris», que passa em exclusivo na Antena 1.
Para o sucessor de «Kronos», de 2009, Cristina Branco queria um disco de memórias, viagens ou simplesmente flashes da sua vida. Pensou no triângulo Buenos Aires-Paris-Lisboa e partiu para o seu novo disco. No booklet que abre a edição de «Não há só Tangos em Paris», Cristina Branco aborda as diferentes faces do novo disco. Convoca para o mesmo texto as referências a Amália, Jacques Brel, boleros, milongas, Baudelaire, o contrabaixo, o bandoneon, o piano, e, claro está, a guitarra portuguesa.
No disco fundamenta as referências com colaborações de renome como o poema de António Lobo Antunes «Quando Julgas que me Amas» com música de Mário Laginha. Vasco Graça Moura junta-se a Pedro Moreira para «Soluço». Manuela de Freitas contribui com dois poemas («Se Não Chovesse Tanto, Meu Amor» e «Talvez»).
A gravação do disco contou com músicos de renome. Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Bernardo Moreira (contrabaixo), Carlos Manuel Proença (viola), João Paulo Esteves da Silva (piano) e Ricardo Dias (acordeão) formam o núcleo de músicos que marcou presença em estúdio.
Para Portugal vai ser editada uma versão especial com CD + DVD. A nível de imagens o disco apresenta um especial em que Cristina Branco interpreta seis dos temas do disco num ambiente intimista e quase teatral.
Alinhamento «Não Há Só Tangos em Paris»:
1 Se não chovesse tanto, meu amor
2 Não há só Tangos em Paris
3 Invitation au Voyage
4 Talvez
5 Anclao en Paris
6 Canção de Amor e Piedade
7 Les Désespérés
8 Laurindinha
9 Dos Gardenias
10 Quando julgas que me amas
11 Serenata
12 Reflexão Total
13 Un Amor
14 Sete
15 Não é desgraça
16 Soluço
BIOGRAFIA
O fado atravessou a vida de Cristina Branco (Almeirim, 1972) por um acaso feliz. «Começou por uma brincadeira, um serão de cantigas entre amigos», segundo gosta de recordar. Conhecia alguns fados de ouvido, trauteados pelo avô materno, letras e acordes que repetia de improviso sem ter consciência de como estes se entranhavam, como lhe decidiam o destino. Estava por essa altura mais próxima de Billy Holliday e Ella Fitzgerald, de Janis Joplin e Joni Mitchell do que de Amália Rodrigues. Nos seus 18 anos, o avô ofereceu-lhe o disco Rara e Inédita, obra maior e menos conhecida de Amália Rodrigues, e Cristina não sabia ainda como isso acabara de mudar a sua vida para sempre.
Pouco antes de pisar um palco a primeira vez, em Amesterdão (1996, Zaal100), Cristina nunca se imaginara sequer uma intérprete amadora ou cantadeira de horas vagas como é próprio de muitos fadistas. Até 1996, aos 24 anos, duas ou três experiências de canto fortuitas eram tudo o que havia feito publicamente enquanto “cantora”.
O Jornalismo era “a arte” que procurava. Talvez por isso, hoje e sempre, as palavras rejam todos os seus discos. Cantora de poetas (Camões, Pessoa, David Mourão Ferreira, José Afonso, Paul Éluard, Leo Fèrre, Alfonsina Storni ou Slauherhoff), Cristina Branco fez do seu modo de entender o fado uma espécie de porta-voz da Poesia e da Literatura. Passada uma década desde a sua estreia no Círculo de Cultura Portuguesa de Amesterdão, reconhecem-lhe hoje os seus pares um fortíssimo pendor poético.
Ao arrepio dos cânones mais ensimesmados do Fado dito tradicional, o caminho de Cristina Branco tem sido outro: autónomo, singular e muitas vezes ébrio de alegria. Sem procurar uma ruptura ingénua com a tradição, antes procurando o que nela há de melhor, Cristina Branco reanima a tradição com a sua originalidade. Em todos os seus discos tem procurado o exigente convívio dos textos com a musicalidade inata do fado.
Tal como outros jovens músicos que encontraram no Fado a sua forma de expressão, Cristina Branco começou a definir o seu percurso, onde o respeito pela tradição caminha lado a lado com o desejo de inovar. Se nada na vida de Cristina indicava que o seu destino seria o fado, temos hoje de admitir que Cristina Branco está a criar um estilo senão “raro”, certamente “inédito”.