DANÇA | 5€ | 3,5€ C/DESC. HABITUAIS
Coreografia: Paulo Ribeiro
Intérpretes: Eliana Campos, Leonor Keil, Rita Omar, Gonçalo Lobato,
Peter Michael Dietz, Romulus Neagu
Música: Nuno Rebelo
Figurinos: Maria Gonzaga
Luzes: Rui Marcelino
Co-Produção: Fundação Das Descobertas / CCB
Apoio: Secretaria De Estado Da Cultura / I.P.B.D. | The British Council | Cca – Audiovisuais | E.T.I.C. | Maria Gonzaga | Teatro Cinearte
O trabalho de autor não se esgota no impacto maior ou menor que as criações possam ter no momento em que são criadas. A dança é das artes que mais sofre o efémero. Este princípio precisa ser contrariado, não só porque muitas obras precisam de tempo para serem realmente apreendidas, como também é essencial poder rever o que está para trás para situar melhor o presente. Depois, não tenho dúvidas que a linguagem que identifica um autor só faz sentido quando há longevidade. Talvez seja este o factor maior para o reconhecimento e independência face à voracidade das modas, tendências e mercados.
A Companhia Paulo Ribeiro celebrou em 2010 o 15.º Aniversário. Sábado 2 foi a sua primeira e muito emblemática obra. Faz sentido recuperá-la e partilhá-la com todos os que apreciam a dança e a sua muito particular capacidade de ser intemporal. Para quem não conhece, será certamente uma feliz descoberta, para quem já viu será um momento festivo como aqueles em que revemos um ente querido que regressa após uma longa ausência.
«Este trabalho vive da repressão da energia sexual, e da sua confrontação com a fantasia romântica e religiosa que só encontra “redenção” numa espécie de sacrifício de automutilação.
É um trabalho que tem uma carga erótica muito semelhante ao que se vivia, ou pelo menos eu vivi, no nosso passado de católicos, cheios de Nossa Senhora de Fátima e de Infernos meio orgásticos, meio redentores.
Sábado 2 é uma obra essencialmente egoísta; o outro existe para dar relevo às nossas fantasias; compadecemo-nos a pensar que sofremos de amor, mas não passa de imaginação e convenção social. É aí que entra o texto, para dar relevo ao estereótipo das convenções sociais, à banalidade da palavra e até dos sentimentos, quase sempre fugazes e virtuais.
Resumindo, nesta peça tentei explorar o turbilhão vazio do indivíduo virado essencialmente para si próprio, tomando a ligação com o divino como espécie de energia redentora.»
Paulo Ribeiro
IMPRENSA
“Um momento aplaudido de pé a trazer alguma esperança para o futuro da dança moderna nacional.”
Cláudia Galhós, Blitz, 6 de Junho de 1995
“(…) Sábado 2 é um bom começo da Companhia Paulo Ribeiro…”
Maria José Fazenda, Público, 4 de Junho de 1995
“(…) Sábado 2 surpreende, acima de tudo, pelo bom desempenho dos seus intérpretes. (…)”
António Laginha, Correio da Manhã, 4 de Junho de 1995
“Lust is no fun. Neither is love. Passion’s a pain. Hearts keep breaking and religion does to mend them. (…) The people Mr. Ribeiro portrayed twitched compulsively with repressed desires. But thanks to his inventiveness, the 50-minutes production was more lively than gloomy. (…) Sexual unhappiness is far from a novel theme in modern dance. Nevertheless, Mr. Ribeiro’s imagination made this trip to hell and adventure.”
New York Times, Jack Anderson, 13 Abril 1996
“A luxúria não é divertida. Nem o amor. A paixão é dor. Os corações continuam a quebrar e a religião pouco faz para os consertar. (...) As pessoas que Ribeiro retratou torcem-se compulsivamente com desejos reprimidos. Mas graças à sua criatividade, a produção de 50 minutos foi mais viva do que melancólica. (...) A infelicidade sexual está longe de ser um tema novo na dança moderna. Contudo, a imaginação de Ribeiro faz desta viagem ao inferno uma aventura (...)”
“(...) The piece continues dovetailing hyperactive choreography with sensuous maulings which mirror the performers yearnings and emotions. Comedy veins the lust. There’s meaty fight between two of the men, and whilst the end of the piece succumbed to at least one grope too many, the overall performance must rate Ribeiro’s group as one of Portugal’s best contemporary ventures.”
Dance Europe, Emma Manning, Agosto / Setembro 1996 (n° 5)
“(…) O espectáculo continua intercalado coreografia hiperactiva com acções sensuais que espelham os desejos e emoções dos intérpretes. A comédia tende para a luxúria. (...) o espectáculo no seu todo coloca o grupo de Ribeiro como uma das melhores aventuras contemporâneas portuguesas.”
CARREIRA DO ESPECTÁCULO
1995: Festival Danças na Cidade / Centro Cultural de Belém (co-produtor), Lisboa – estreia a 2 de Junho; Balleteatro Auditório, Porto; Parque do Fontelo, Viseu; Teatro Gil Vicente, Coimbra; Teatro Circo, Braga; Festival Citemor / Montemor-o-Velho; Espaço Artivários, Loures; Teatro CineArte, Lisboa; Auditório Municipal da Guarda, Guarda; Teatro Municipal de São Luiz, Lisboa;
1996: Festival Ile de Danses, Paris / França; The Carriage House, Providence, EUA; St. Marks Church, New York, EUA; Tanzwerkstatt, Berlin / Alemanha; Petofi Hall, Budapest / Hungria; Sheffield Plays at Home, Sheffield / Inglaterra; Festival The Turning World, The Place Theatre, London / Inglaterra; Teatro Nacional S. João, Porto; Festival Neuchatel, Neuchatel / Suiça;
1997: Festival Art Danse Bourgogne, Dijon / França; Thêátre Saragosse, Pau / França.
BIOGRAFIA DO COREÓGRAFO
Natural de Lisboa, Paulo Ribeiro, antes de se afirmar como coreógrafo, fez carreira como bailarino em várias companhias na Bélgica e na França.
A sua estreia no domínio da criação coreográfica, deu-se, em 1984, em Paris, no âmbito da companhia Stridanse, da qual foi co-fundador, e que o levou à participação em diversos concursos naquela cidade, obtendo, em 1984, o prémio de Humor e, em 1985, o 2º prémio de Dança Contemporânea, ambos no Concurso Volinine.
De regresso a Portugal, em 1988, começa por colaborar com a Companhia de Dança de Lisboa e com o Ballet Gulbenkian, para os quais cria, respectivamente, “Taquicardia” (Prémio Revelação do jornal “Sete”, em 1988) e “Ad Vitam”. Com o solo “Modo de utilização”, interpretado por si próprio, representa Portugal no Festival Europália 91, em Bruxelas.
A sua carreira de coreógrafo expande-se no plano internacional, a partir de 1991, com a criação de obras para companhias de renome: Nederlands Dans Theater II (“Encantados de servi-lo” e “Waiting for Volúpia”), Nederlands Dans Theater III (“New Age”); Grand Théâtre de Genève (“Une Histoire de Passion”); Centre Chorégraphique de Nevers, Bourgogne (“Le Cygne Renversé”); Ballet de Lorraine (remontagem de “White Feeling” e “Organic Beat”). Para o Ballet Gulbenkian, criará ainda: “Percursos Oscilantes”, “Inquilinos”, “Quatro Árias de Ópera” (em colaboração com Clara Andermatt, João Fiadeiro e Vera Mantero), “Comédia Off -1”, “White” e “Organic Beat”.
Entretanto, Paulo Ribeiro foi galardoado, em 1994, com o Prémio Acarte/Maria Madalena de Azeredo Perdigão pela obra “Dançar Cabo Verde”, encomenda de “Lisboa 94 – Capital Europeia de Cultura”, realizada conjuntamente com Clara Andermatt.
E, em 1995, funda a Companhia Paulo Ribeiro, subsidiada pelo Ministério da Cultura, para a qual tem vindo, regularmente, a criar coreografias: “Sábado 2”, “Rumor de Deuses”, “Azul Esmeralda”, “Memórias de Pedra – Tempo Caído”, “Orock”, “Ao Vivo”, “Comédia Off -2”, “Tristes Europeus – Jouissez Sans Entraves”, “Silicone Não”, “Memórias de um Sábado com rumores de azul”, “Malgré Nous, Nous Étions Là”, “Masculine”, “Feminine” e “Maiorca”.
O trabalho com a sua própria companhia permitiu-lhe desenvolver melhor a sua linguagem pessoal como coreógrafo. A obra “Rumor de Deuses” foi distinguida, em 1996, com os prémios de “Circulação Nacional”, atribuído pelo Instituto Português do Bailado e da Dança, e “Circulação Internacional”, atribuído pelo Centro Cultural de Courtrai, ambos inseridos no âmbito do concurso “Mudanças 96”.
Paulo Ribeiro tem recebido ainda vários outros prémios relevantes: “Prix d’Auteur”, nos V Rencontres Chorégraphiques Internationales de Seine Saint-Denis, (França); “New Coreography Award”, atribuído pelo Bonnie Bird Fund-Laban Centre (Grã-Bretanha), “Prix d’Interpretation Collective”, atribuído pela ADAMI (França); Prémio Bordalo da Casa da Imprensa (2001).
Em acumulação com o trabalho na sua companhia, Paulo Ribeiro foi Comissário do ciclo “Dancem” em 1996 e 1997 no Teatro Nacional S. João. Desempenhou, entre 1998 e 2003, o cargo de Director-geral e de Programação do Teatro Viriato/CRAE (Centro Regional das Artes do Espectáculo das Beiras), e foi ainda Comissário para a Dança em Coimbra 2003 – Capital Europeia da Cultura.
Neste período obteve o “Prémio Almada” (1999) do Instituto Português das Artes do Espectáculo e o “Prémio Bordalo” da Casa da Imprensa (2000). Em 2005 viria a reocupar este mesmo cargo, após a extinção do Ballet Gulbenkian que dirigiu entre 2003 e 2005, tendo nesse período recebido o “Prémio Bordalo” da Casa da Imprensa Portuguesa (2005) pelo trabalho desenvolvido com esta companhia.
Em 2008, participou como coreógrafo na produção “Evil Machines” de Terry Jones para o Teatro Municipal de S. Luiz.
HISTORIAL DA COMPANHIA PAULO RIBEIRO
A Companhia Paulo Ribeiro é uma companhia portuguesa de dança contemporânea, fundada em 1995, na sequência de vários anos de trabalho do coreógrafo Paulo Ribeiro junto de algumas das mais prestigiadas companhias de dança contemporânea europeias.
Nestes catorze anos de actividade (1995-2009), esta companhia conquistou um importante lugar entre as mais reconhecidas companhias de dança contemporânea portuguesas, apresentando-se regularmente nas principais salas de espectáculo nacionais, bem como por toda a Europa, Brasil e Estados Unidos da América.
Com vinte e oito produções realizadas que despertaram sempre o interesse da crítica e do público, soma actualmente mais de três centenas de apresentações, para uma audiência global que ultrapassa as 80.000 pessoas, tendo recebido alguns dos mais importantes prémios nacionais e estrangeiros.
É, desde 1998, a companhia residente no Teatro Viriato, em Viseu, cujo projecto criou e implementou, onde para além da sua actividade de criação, produção e itinerância artísticas, desenvolve ainda um importante projecto pedagógico junto da comunidade local, que inclui aulas regulares de dança e teatro e também projectos específicos para o público escolar, agora também num novo espaço em Viseu – Lugar Presente.