DANÇA | 2,5€ | ENTRADA LIVRE DE UM ACOMPANHANTE ADULTO POR CRIANÇA
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Direcção e Coreografia: Tiago Guedes
Interpretação: Francesca Bertozzi, Pietro Romani
Cenografia e Figurinos: Catarina Saraiva
Sonoplastia: Sérgio Cruz
Música: Sérgio Cruz, a partir da Sinfonia N.º1 em D Menor Opus 13 de Rachmaninov
Desenho De Luz: Mafalda Oliveira e Tiago Guedes
Produção: Materiais Diversos
Co-Produção: Le Vivat, Armentières (França), Centro de Pedagogia e Animação (CPA) do Centro Cultural De Belém, Lisboa (Portugal), Re.Al, Lisboa (Portugal)
Apoio: Re.Al e Atelier Re.Al
Este dueto tem como público-alvo crianças de 6-10 anos. O tema principal é a descoberta - descoberta do “Outro”, mas também descoberta de novos significados perante as coisas que nos rodeiam. A peça está baseada numa narrativa cuja estrutura é ritmada por sucessivas transformações cenográficas.
Matrioska parte da ideia que existem muitas camadas sobrepostas nas coisas que vemos. Muitas vezes o que vemos à frente dos nossos olhos não é mais do que uma primeira imagem, a mais imediata de muitas outras que estarão por trás dela.
Esta Matrioska, em vez de ser uma grande boneca com outras similares lá dentro (tal como a famosa boneca russa), é uma espécie de lugar que, devido ao seu dispositivo, permite trabalhar dentro, fora, atrás, à frente, escondido e à vista, fazendo com que diferentes camadas da realidade se descubram umas às outras numa espécie de caleidoscópio de imagens e situações. É este descobrir constante que se quer passar às crianças, este ficar curioso pelas imagens que se apresentam e pelas suas mutações.
O que estará atrás daquilo? Dentro disto? O que é aquela sombra? Estará alguém dentro dela? Que língua canta esta cantora? O que se esconde debaixo desta forma?
Matrioska é um enigma do princípio ao fim, com questões que são levantadas, umas respondidas outras não, e acima de tudo, no final são as crianças a construir a sua própria história.
Dão-se os elementos e os ingredientes, muitas vezes sem qualquer ordem aparente, às crianças cabe o desafio de os organizar como quiserem.
DESVENDAR O GESTO
Pensar que as peças para crianças devem partir de uma didáctica é não só redutor mas impeditivo de uma verdadeira formação intelectual. Coloca-se uma importante questão: que criança estaremos a formar?
Almada Negreiros dizia que “uma criança é apenas um adulto de olhos abertos”. Sugerir em vez de explicar pode ser a fórmula indicada, mesmo que obrigue à existência de zonas cinzentas de compreensão. A criação em dança é ainda mais particular já que nela se impõe a tomada de consciência, pela criança, de que tem um corpo. E a cenografia trabalha a compreensão e um universo por vezes apenas sensorial e abstracto. É neste campo da descoberta que se enquadra Matrioska, primeira peça infantil de Tiago Guedes, cujo trabalho geral parte de questões e hipóteses sobre o tempo coreográfico e a procura de um lugar para o corpo. (…)
Tiago Bartolomeu Costa, Crítico de dança pelo Jornal Público, Em 05-03-2007