Cine-Teatro de Estarreja apresenta a programação online de março
terça, 2 de março, 2021
Artistas, técnicos, companhias, produtores e agentes culturais enfrentam novos desafios com os espaços culturais encerrados devido às medidas decretadas pelo Governo Português no sentido de combater a pandemia de Covid-19. Mas é no meio das dificuldades que nasce um novo espaço criativo, e a cultura renasce.
Palco online recebe artistas para debater o estado atual da cultura
São várias as conversas que decorrerão ao longo do mês, sempre à sexta-feira, às 21h30, com o objetivo de ouvir diversos artistas em diferentes áreas da cultura. Quais os desafios que o contexto pandémico trouxe? Como se reinventaram? Como é o processo criativo em tempos de confinamento?
Pedro Tochas, artista de rua e de palco, é o primeiro convidado. Percorreu o mundo como palhaço, ator, stand up comedian, performer onde o humor foi sempre a base do seu trabalho. No dia 5, vai falar sobre o estado das artes performativas e os desafios que tem enfrentado. Uma conversa sem malabarismos, mas bem divertida!
No dia 12, a diretora de produção e de cena da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo (CPBC), Cláudia Sampaio conta quais as preocupações dos bailarinos e dos técnicos quando os holofotes dos palcos se apagam. Entre tantas outras temáticas, a bailarina aborda as dificuldades que enfrenta na gestão de uma companhia de dança. Em outubro, a CPBC, apresenta no CTE, a peça “AMARAMÁLIA in memoriam”, uma homenagem à voz que tornou o Fado universal. Cláudia Sampaio levanta a ponta do véu desta peça que, em 2004, foi considerada pelo New York Times como uma das melhores dessa temporada.
Tatanka dispensa apresentações. Fundador dos “The Black Mamba” vem mostrar como é possível estar perto do público e reinventar-se mesmo com as salas de espetáculo de todo o país encerradas. A não perder dia 19.
O ator João Didelet é mais um artista que viu os seus projetos profissionais a serem adiados e sem data para voltar a pisar os palcos nacionais. Ao longo da conversa fala dos desafios do confinamento e das inúmeras dificuldades do setor artístico. João Didelet abre um pouco a cortina sobre a peça “Amado Monstro” que sobe ao palco do CTE em maio. Teatro, cinema e televisão, qual será a sua grande paixão? Para assistir dia 26.
CTE recebe dois concertos do OuTonalidades - circuito português de música ao vivo
Como já tem habituado, o circuito “Outonalidades” promete grandes noites de música ao vivo. No mês de março, pode assistir ao concerto de Rita Braga e Paulo Viana, nos dias 6 e 20, respetivamente, sempre com início às 21h30.
O primeiro concerto está a cargo de Rita Braga, uma artista multidisciplinar nas áreas da música, performance, desenho e escrita. Atua geralmente a solo um repertório eclético em mais de dez línguas. Ao longo da última década atuou em inúmeras salas de concerto, teatros, galerias de arte e festivais por toda a Europa e também nos EUA, Brasil, Austrália e Japão.
Já Pedro Viana apresenta o seu álbum a solo, uma renovação da música instrumental portuguesa. Editado em 2019 e aclamado pela crítica especializada, neste novo disco os sons da viola braguesa, violão, sanfona e adufe associam-se a um trabalho de composição assumidamente moderno e aberto a múltiplas influências.
“Ir” ao cinema continua a ser possível
Todas as quintas-feiras do mês de março, às 21h30, a sala digital do CTE conta com uma programação cinematográfica do Cine Clube de Avanca, em colaboração com o CTE e o Município de Estarreja. Conta ainda com o apoio do ICA e do Ministério da Cultura.
No dia 4, a sessão de cinema é a dobrar. Do realizador Bernardo Cabral, “50 Pesos Argentinos” conta a história de José Custódio e Idalina que recebem 50 pesos numa carta do irmão que os leva a sonhar com o que não deviam. “Falha no Sistema”, de José Miguel Moreira, retrata uma sociedade controlada pelo sistema, uma variante nazi do “Big Brother”, que limita a privacidade dos cidadãos.
Na segunda quinta-feira do mês, dia 11, a curta metragem de ficção “Sanguêdo en la Baralha”, de Paulo d’Alva, retrata a história de najma e coron, um casal gitano que luta pelo seu amor e procura evitar cair nas garras de salazarus burocratus, o maléfico imperador imperial. Neste processo de criação de filmes participaram as crianças e os jovens, envolvendo também todos os familiares do acampamento da rua da Baralha, em Sanguedo, no concelho de Santa Maria da Feira.
Com realização de Igor Martins, Rosário Costa e Sara Petiz, “Pão de Ul” é um documentário, que através da voz das poucas padeiras que ainda faz o famoso “Pão de Ul” de forma artesanal, a D. Ângela Terra, mostra a rudeza, as dificuldades e as aventuras que noutros tempos as “padeirinhas de Ul” enfrentavam ao produzir e distribuir o pão, a pé e a longas distâncias. “Ao Telefone com Deus”, de Vera Casaca e com os atores Ivo Canelas e Sara Matos, retrata a vida de Bartolomeu, um humilde camponês, que decide trocar a sua égua, Pestana, pela mão de Adélia. Contudo, o mundo de Bartolomeu é virado do avesso quando Pestana desaparece e se cruza com um misterioso homem que alega poder falar com Deus... ao telefone. Estas duas películas serão exibidas no dia 18.
A última sessão de cinema “Super-Vodka”, de Leandro Silva, está agendada para o dia 25, e é uma curta metragem sobre três homens que decidem tentar ser de novo "homens". O escriturário, o vendedor de santas e o dono de casa fazem as malas e decidem viajar… para um bar.
Dança e teatro também fazem parte da programação online
No dia 13, às 21h30, a proposta é uma homenagem à poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. “Em Redor da Suspensão” é uma coreografia inserida no programa “Na Substância do Tempo” da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo. Esta obra de Vasco Wellemkamp e Miguel Ramalho, com músicas de Rachmaninov, ecoa a poesia da escritora com a dança.
O Dia Mundial do Teatro, dia 27, o CTE celebra esta efeméride com o espetáculo de teatro a “Idade do Silêncio”, uma criação de Julieta Aurora Santos. Esta peça reflete sobre a nossa relação com a dimensão temporal, colocando em conflito o frenesim do homem contemporâneo e a imediatez de tudo, com o tempo do idoso e a sua necessidade de hábitos que, incorporados à vida, se tornam poesia do quotidiano, parecendo estabelecer uma relação continuada e duradoura com o mundo.