O Cais Sodré Cabaret! pretende ser uma celebração dos tempos em que os homens usavam chapéu e as senhoras calçavam luvas… uma celebração do estilo e glamour de outras épocas.
Nos anos 20 e 30 bastantes clubes e cafés abrigavam as tertúlias de escritores, artistas e intelectuais. Com a chegada da ditadura e a instituição da mentalidade “orgulhosamente sós”, o país hibernou face às novidades durante cerca de 40 anos. Os ventos que sopravam lá fora chegavam indirectamente ou de modo ilícito. Galãs e divas de Hollywood ostentavam o seu charme e lançavam modas nas sessões domingueiras dos grandes cinemas lisboetas; estrelas do burlesco enchiam magazines estrangeiras; as coristas actuavam em revistas do Parque Mayer copiando as tendências de vaudeville da Broadway e os clubes e cabarets (como o lendário Maxime) acolhiam aves nocturnas e os espíritos marginais.
Pretende-se recriar todo um imaginário retro associado à vida nocturna, à festa e à celebração da boémia e do prazer. Música, dança, fumo e bebida. Mas também o imaginário nocturno e decadente do Cais do Sodré. Foi na sordidez desse ambiente de becos e esquinas sujos, iluminados por neons que anunciam bares com nome de capitais portuárias, por onde se passeiam raparigas e os seus protectores, polícias e estivadores, e a clientela ávida de emoções, que os marinheiros nos fizeram chegar os primeiros discos de rock n’ roll americano. Todos estes espíritos são convocados!